Quarta-feira, 15 de Junho de 2011

A "estória" por trás das edições dos livros de contos escritos pelos alunos do 4º ano do colégio Beiral

Esta escola é algo especial. Onde as escolas "normais" têm recreios assépticos de borracha, esta é em Monsanto, num palácio do Séc. XVIII, o "recreio" são os jardins, o chão, terra como antigamente, os "aparelhos de trepar" ainda em ferro... só mesmo conhecendo. Todo o conceito de ensino é também diferente, não há notas, há arte, há horta e animais de criação. Por tudo isto escolhemos o Beiral para a primária dos nossos filhos, que por terem 16 meses de diferença terminaram o 4º ano em 2010 o Afonso e agora em 2011 a Matilde.


A título de curiosidade, há dias chego ao Beiral para ir buscar a Matilde e estava ela à conversa com a Manuela Azevedo dos Clã. O clip de "Embeiçados" foi filmado lá e tinham lá ido tocar um mini-concerto acústico. Claro que agora tenho em casa um super-fã dos Clã, o que me parece muito bem.

No 4º ano têm uma série de actividades de finalistas - uma peça de teatro para os pais, uma viagem de finalistas de 2 dias na Serra da Lousã, um baile de gala, um jantar de gala, uma quantidade de iniciativas e actividades nas quais veio a encaixar este projecto dos livros.

A professora do Afonso, que acabou o 4º ano em 2010, costuma convidar os pais dos alunos dela a irem falar à turma sobre as suas actividades profissionais. Ora, como é muito difícil explicar a crianças de 9-10 anos o que é a minha profissão, que eu próprio não consigo definir melhor que "escrevinhador" porque escritor não sou mas a minha vida é feita a escrever, pensei em mostrar como se faz um livro e usar a edição online como exemplo.

Como precisava de "material" para simular a edição de um livro, pedi à professora Mafalda que me enviasse algumas composições/contos dos alunos para fazer essa simulação e daí nasceu a ideia de lançar o desafio de cada um escrever dois contos para editarem o seu próprio livro. Assim nasceu o ano passado o livro “As Nossas Histórias”que não tem qualquer objectivo comercial (é vendido a preço de custo e disponibilizado para download gratuito como e-book), foi pensado para desenvolver o gosto pela leitura e, tanto quanto possível, deixar o "bichinho" do orgulho de ter um livro editado, quem sabe uma semente para o futuro. A reacção das crianças foi incrível.

 



Claro que este ano, a Matilde, sendo finalista, quis o mesmo "tratamento" do irmão e eu com prazer propus ao professor dela repetir o projecto, sendo que este ano se alargou às duas turmas do 4º ano, num total de 34 alunos. O livro já editado foi ontem apresentado aos autores, o “Contos Finais”.

 



Dá trabalho, reunir, corrigir, editar, formatar, publicar nem tanto (tirando a capa, onde tenho que recorrer ao melhor que o improviso me permite) mas só o prazer de ouvir uns "não sabia que era tão fácil, vou escrever um livro só meu nas férias" ou "quando for grande quero ser escritora" ou esta que adorei "pensava que ser escritor fosse muito chato mas afinal parece ser muito bom" mais que compensa o trabalho que dá e mais que desse.

O facto de ser uma escola com características especiais permitiu que estes projectos se concretizassem e para 2012, já sem filhos no Beiral, ficou já ontem falada a hipótese de se dar continuidade a esta iniciativa. Pessoalmente gostava e havendo esta vontade mútua, é bem provável que em junho de 2012 tenhamos um terceiro volume destes contos infantis destes mini-grandes-autores.

Um agradecimento especial à Bubok que desempenhou um papel fundamental neste projecto.

 

publicado por joao moreira de sá às 18:25
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Arcebispo de Cantuaria Uma mente delirante e não muito normal encerrada num corpo com 40 anos (embora um teste da Sábado diga que na realidade tenho 47). Presentemente desempregado mas com boas perspectivas de conseguir vir a trabalhar num call-center. Escrevo porque não gosto lá muito de falar e como irresponsável que sou, acredito que um dia ainda irei conseguir ser pago para escrever. jmoreiradesa@gmail.com

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Podia ser (mais) culto, ler e reler os clássicos da literatura, devorar ensaios, ler diariamente os jornais nacionais e alguns estrangeiros, assinar as revistas de referência mas diversas áreas do saber. Podia, e gostava, mas era preciso que estivessem reunidas duas condições, ter dinheiro para tal e acima de tudo, não ter filhos de tenras idades. Mas enquanto cada hora dedicada a ler a opinião dos cultos deste mundo sobre as suas (poucas) graças e (muitas) desgraças - do mundo e às vezes dos próprios - representar uma hora a menos de brincadeira, receio que vou continuar a optar por ser culto lá mais para o fim da vida, se lá chegar.






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